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Nasce em Braga o festival Utopia

De 2 a 12 de novembro reúne mais de 100 convidados com diversas atividades e espetáculos

Theatro Circo. Foto: CMBraga.
Theatro Circo. Foto: CMBraga.

Em Braga, toda a literatura é uma Utopia – é este o mote do festival literário que, pela primeira vez, transforma a Cidade dos Arcebispos em Amarout, a capital da Utopia imaginada por Thomas More. Entre 2 e 12 de novembro, uma programação eclética vai inundar diferentes espaços da cidade, do Theatro Circo à Capela Imaculada, sempre com a literatura como ponto de partida e de encontro. Para todas as faixas etárias e para todos os gostos, conversas, espetáculos, oficinas, workshops, sessões em escolas e, até, passeios literários são algumas das opções que estarão ao dispor dos visitantes.

Criado pela The Book Company, o Utopia contará, ao longo de 11 dias e de mais de 90 horas de programação, com a intervenção de mais de uma centena de convidados. A lista de nomes confirmados inclui figuras de relevo de diferentes áreas culturais e do conhecimento, a nível nacional e internacional. Com o tema “Territórios Literários”, o certame, que pretende expandir horizontes e tornar-se numa referência global de eventos desta natureza, quer promover o turismo literário a partir de Braga, criando uma oferta cultural identitária replicável internacionalmente. O projeto conta com o financiamento do Turismo de Portugal enquanto “evento estratégico” nacional.

À conversa com os grandes nomes da cultura contemporânea

O primeiro dia do festival é marcado pela conferência do Plano Nacional de Leitura (PNL) – que conta, pela primeira vez, com um segundo dia de programação fora de Lisboa –, assinalando-se, neste âmbito, a presença do ministro da Cultura (Pedro Adão e Silva). Às 21h30, no grande auditório do Theatro Circo, Ricardo Araújo Pereira e Frederico Lourenço dão o “pontapé de saída” para um ciclo de conversas, entrevistas e momentos de reflexão que vai reunir escritores, jornalistas, artistas, humoristas, pensadores, entre muitos outros, em torno da discussão do percurso pessoal e profissional, do processo criativo e, em geral, das questões que se cruzam no panorama literário, cultural e artístico.

No sábado, dia 4 de novembro, a Capela Imaculada recebe, a partir das 15h00, a conversa “O território do humor”, com a participação do humorista Bruno Nogueira e do músico, realizador e dramaturgo Filipe Melo. Os dois colegas e amigos, que colaboraram em projetos como o “Deixem o Pimba em Paz”, serão desafiados a refletir sobre as fronteiras e limites do humor e sobre o papel do “politicamente correto” na comédia atual. Às 16h00 do dia seguinte, também na Capela Imaculada, o escritor e cronista Miguel Esteves Cardoso responde às questões de David Pontes, diretor do jornal Público, numa rara entrevista de vida.

O segundo fim de semana do Utopia fica marcado pela participação de autores internacionais. No sábado, dia 11 de novembro, às 15h00, o romancista e argumentista inglês David Mitchell – autor dos guiões de filmes como “Cloud Atlas”, “Sense8” ou “Matrix Resurrections” junta-se a João Tordo e Oliver Balch para uma “Conversa com 24 imagens por segundo (ou um pouco mais)”. O momento vai refletir sobre a transição do guião à imagem e do livro ao filme. Às 16h00, no auditório do Espaço Vita, Ludmilla Ulitskaya, escritora russa recorrentemente apontada como forte candidata ao Prémio Nobel da Literatura e forte crítica do regime de Putin, responde às perguntas da jornalista Isabel Lucas. Já às 18h00, é a vez de uma outra entrevista de vida, conduzida por Ana Daniela Soares a Gilles Lipovetsky, filósofo francês e teórico da Hipermodernidade que integra o programa numa iniciativa patrocinada pelo grupo empresarial DST.

No dia 12 – último dia da primeira edição do Utopia –, a galardoada romancista venezuela Karina Sainz Borgo e o escritor espanhol Lluís Plats discutem, a partir das 17h00, a influência daquilo que comove um autor – de um animal a uma paisagem – na sua obra. A par destes, Dulce Maria Cardoso, Marta Pais Oliveira, Afonso Cruz, Fernando Ribeiro, Rita Redshoes, João Tordo, José Rodrigues dos Santos, Lídia Jorge e Teolinda Gersão são algumas das figuras que também fazem parte da lista de nomes que os visitantes do Utopia poderão ouvir e conhecer.

Miúdos e graúdos à descoberta da literatura

Além das conversas, sessões de entrevistas ou apresentações, a primeira edição do festival literário apresenta também uma vasta oferta de atividades interativas e de workshops. Um dos momentos mais aguardados da programação é o workshop “Como escrever um romance?”, com João Tordo, que desafia autores mais ou menos experientes a aperfeiçoar o processo criativo com a orientação de um dos mais reconhecidos romancistas portugueses da atualidade. A atividade, já esgotada, será dividida em duas partes, decorrendo na sexta-feira, 10 de novembro, às 18h30, e no sábado, 12 de novembro, às 10h00, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.


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Como forma de associar o conhecimento do património literário à descoberta do património histórico local, o Utopia propõe, em parceria com a Direção Regional de Cultura do Norte, um roteiro realizado a pé, pela cidade de Braga, que destaca a obra e vida da escritora bracarense Maria Ondina Braga. Ana Araújo, Cândido Oliveira Martins e Isabel Cristina Mateus serão os guias deste passeio, que relaciona o percurso pessoal e profissional da autora com os respetivos espaços. Com o Museu Nogueira da Silva como ponto de partida, a atividade decorre ao sábado – dias 4 e 11 de novembro –, a partir das 10h00.

Os pequenos leitores não ficam de parte. A programação do festival literário contempla atividades para todas as idades e para toda a família, pensadas para iniciar os mais novos na leitura e na escrita e para consciencializar, desde cedo, para a importância de exercitar a imaginação através da palavra, escrita ou falada. Durante a semana, diferentes escolas do concelho vão receber sessões infantojuvenis dedicadas a livros como “A melhor amiga da Menina República”, “Descobre as Abelhas” ou “Avô Minguante”. Aos sábados e domingos de manhã, o Espaço Vita assegura sessões destinadas aos mais pequenos, incluindo oficinas criativas, sessões de leitura e espetáculos.

Entretenimento: as múltiplas facetas da literatura

Como não só da palavra escrita se faz a literatura, a programação da primeira edição do Utopiaaposta em momentos de lazer que espelham as diferentes vertentes e aplicações da escrita e da narrativa. A Capela Imaculada é o palco escolhido para a estreia de “O que a chama iluminou”, uma criação original do escritor, ilustrador e músico Afonso Cruz para o festival literário de Braga. Através de uma abordagem multidisciplinar – que faz uso de diferentes expressões artísticas, da palavra à música, passando pela imagem e pela dança –, esta produção escrita e inédita do galardoado autor aborda os dramas pessoais e os desafios civilizacionais, entrelaçando uma perspetiva global com histórias íntimas, de quem enfrenta a dor da perda e da ausência. Em última análise, o espetáculo explora a condição humana, refletida no território literário desde que há registo. A produção original será apresentada na sexta-feira, 3 de novembro, às 22h00, e no sábado, 4 de novembro, às 21h30.

No sábado, dia 11 de novembro, a presença da cantora brasileira Mallu Magalhães é o ponto alto da programação musical, com a apresentação de um espetáculo promovido pela dst no Theatro Circo, a partir das 21h30. Associações locais, como o Conservatório de Música do Bomfim, prometem, também, surpreender e “dar música” aos visitantes.

Inscrições já estão abertas – e são gratuitas

A participação nas diferentes atividades e sessões do Utopia é gratuita, mas reserva online do lugar é obrigatória, sendo que cada reserva pode assegurar até dois lugares. No dia, em caso de atraso, existe uma tolerância de cinco minutos, após a qual o lugar será libertado para a lista de espera a gerir no local. O programa completo e atualizado poderá ser consultado em festival-utopia.pt, onde é possível encontrar, também, o link para a inscrição no descritivo das sessões. Várias sessões encontram-se já esgotadas, mas o Espaço Vita, que concentra a programação de sexta a domingo, terá um ecrã instalado nos seus Claustros para emitir as sessões a decorrer na Capela e no Auditório.

Além da participação nos variados momentos previstos da programação, os visitantes são convidados a explorar uma das quatro exposições que estarão em permanência na Galeria do Paço: “Reconstituição”, “Múltiplo Leminski”, “Hachiko”, “100 textos em viagem”. De sexta a domingo, será possível, ainda, visitar a área dedicada à feira do livro, instalada no Espaço Vita, para conhecer as propostas dos livreiros bracarenses.

Redacción

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