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O grupo de teatro Eu Experimento do Camões de Vigo estrea novo espectáculo

‘CONCLAVE DE AMORES EM FARSA – A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas à moda de Almada Negreiros’ o 1 de xullo ás 19h. no Camões – CCP Vigo

'Conclave de amores em farsa | A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas pelo Eu.Experimento, à moda de Almada Negreiros' do Eu.Experimento. Foto: Afonso Becerra
'Conclave de amores em farsa | A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas pelo Eu.Experimento, à moda de Almada Negreiros' do Eu.Experimento. Foto: Afonso Becerra

O grupo de teatro amador Eu.Experimento do Camões Centro Cultural Portugués en Vigo estrea o seu novo espectáculo a vindeira terza-feira, martes, 1 de xullo de 2025, ás 19h. nas súas instalacións na cidade olívica. Trátase de Conclave de Amores em Farsa – A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas à moda de Almada Negreiros, con dramaturxia e dirección de Afonso Becerra de Becerreá. Un xoguete cómico, a partir da peza A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas, interpretado por Carmen Lois, Noela Martínez e Nuria Otero, ocupándose esta última, tamén, do asesoramento coreográfico.

Despois da representación teatral, que ten unha duración aproximada de 30 minutos, haberá unha conversa co escritor e profesor da Universidade de Santiago de Compostela Carlos Quiroga, presentado por Célia Guido Mendes, responsable do Camões Centro Cultural Portugués en Vigo. A conversa tratará sobre Júlio Dantas, Almada Negreiros e o seu Manifesto Anti-Dantas.

A asistencia ao espectáculo e á charla posterior é de balde, só é necesario inscribirse a través do teléfono +34 986430370 ou do correo electrónico [email protected]

Texto do programa de man do espectáculo

'Conclave de amores em farsa | A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas pelo Eu.Experimento, à moda de Almada Negreiros' do Eu.Experimento. Foto: Afonso Becerra
‘Conclave de amores em farsa | A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas pelo Eu.Experimento, à moda de Almada Negreiros’ do Eu.Experimento. Foto: Afonso Becerra

Conclave de amores em farsa | A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas pelo Eu.Experimento, à moda de Almada Negreiros

Talvez nunca tenhamos estado tão ligados à atualidade como neste espetáculo que vos oferecemos, uma versão d’A Ceia dos Cardeais (1902), de Júlio Dantas. A morte do muito popular Papa Francisco, o Conclave, a fumaça branca com a eleição do Papa Leão XIV, etc., voltaram a trazer para o primeiro plano a força dos rituais, em que o teatro tem as suas origens. Assim sendo, uma peça redigida em princípios do século passado, de repente, pode transformar-se num trending topic.

A Ceia do Cardeais foi a primeira peça que redigiu Júlio Dantas e foi um sucesso incrível, traduzida e encenada em Portugal, na Alemanha, na Áustria, na Suíça, na Itália, na França, em Espanha, na Dinamarca, na Argentina… Talvez até estejamos perante o primeiro texto da história do teatro português com tantas traduções e encenações. E isto, para além das circunstâncias contextuais da época, na minha opinião, deve-se a que reúne alguns ingredientes muito atraentes. Por um lado, trata, com humor, do amor da juventude, da perspetiva de três idosos, porque é dificílimo chegar-se a Cardeal sendo-se jovem. Aliás, está também patente o tabu de que sejam três homens a quem está vedado o amor, a falar dele. Por outro lado, apresenta-se ainda a caricatura que supõe o clichê da identidade nacional, porque, tal como numa anedota, juntam-se à volta da mesa três cardeais: um português, um espanhol e um francês, sendo que o espanhol representa a fanfarronice de um Don Juan; o francês, a pompa e o chauvinismo à moda de Versalhes; e o português, o sentimentalismo e a humildade lusa, aquela sobre a qual cantava Amália Rodrigues em Uma Casa Portuguesa.

Na versão do Eu.Experimento, desapareceu o cardeal espanhol, mas acrescentámos uma figura que dá nas vistas: nada mais nada menos que o próprio Papa. Aliás, são três atrizes que representam Suas Eminências Reverendíssimas. Esta inversão carnavalesca, juntamente com o jogo com o clown, fazem da comédia um divertimento, ao estilo da farsa, que vem lançar uma bomba de crítica humorística, quase como se Almada Negreiros e Mário Viegas fossem intervir nela. A nossa versão de A Ceia dos Cardeais, portanto, aproxima-se do tom satírico do Manifesto Anti-Dantas e por extenso (1915), de Almada Negreiros: “Morra o Dantas, morra! Pim!”, contra o espírito retrógrado que representava o poderoso Júlio Dantas naquela altura. E, também, como faziam os modernistas, é uma defesa da liberdade que nos traz o desendeusamento. Afinal, sentamo-nos à mesa teatral para professar a religião do riso, porque este riso volta a ligar-nos uns aos outros e salva-nos.


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Afonso Becerra de Becerreá

'Conclave de amores em farsa | A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas pelo Eu.Experimento, à moda de Almada Negreiros' do Eu.Experimento. Foto: Afonso Becerra
‘Conclave de amores em farsa | A Ceia dos Cardeais de Júlio Dantas pelo Eu.Experimento, à moda de Almada Negreiros’ do Eu.Experimento. Foto: Afonso Becerra

FICHA ARTÍSTICA:

Texto: Júlio Dantas

Dramaturgia e encenação: Afonso Becerra de Becerreá

Elenco: Nuria Otero (Cardeal Francês, Montmorency), Carmen Lois (Cardeal português, Gonzaga) e Noela Martínez (Papa de Roma)

Assistência coreográfica: Nuria Otero

Estreia: terça-feira, 1 de julho de 2025 às 19h

Redacción

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